1. |
Prólogo
01:18
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2. |
Hierofanias Saturnais
06:18
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Caem as sombras noturnas, ctonicos deuses brindam a morte.
O escuro desarma o héroi que anuncia o desaparecimento.
O Rei se dissolve no dorso sulfúreo de uma serpente,
Apaga-se o Sol em marés e penumbras de mortificação.
O corpo sagrado apodrece,
feito semente de obscuridade.
Renasce o infante perdido,
imagem do deus.
Um bando de corvos persegue,
emissários sombrios de Saturno,
o mercurial rebento
da cópula cósmica.
Sou Ion, dos santuários interiores o sacerdote,
e me condeno a um tormento na margem do intraduzível.
Na pira misturam-se ossos e carnes do meu sacrifício.
Faço-os arder no fogo da arte, exalando o ouro supremo.
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3. |
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Os livros antigos estão abertos.
Símbolos fáusticos acendem minha alma.
Mandalas de mundos se abrem e giram,
engrenagem fractal do infinito.
Olho negro de uma entidade abissal,
assim como o nada expande e contrai;
a nervura cósmica do labirinto,
jogo dos deuses, jogamos às cegas.
Espelhos refletem os monstros mentais,
congresso de bestas que saltam, rastejam.
Espreitam as brechas da veste humana.
Jogamos despidos em pleno escuro.
Escritas reveladas à sombra do dia
cifram as paredes do Theatrum,
formas se combinam e dispersam
excitadas pela luz do Raio Verde.
Emblemas que são pactos secretos
povoam da daemônios todo o plano físico.
No regresso ao mundo das imagens
fantasmas tecem minha nova carne.
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4. |
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Das reentrâncias da vida e da morte,
dá-nos a chave para as Cidades Secretas,
As Cidades invisíveis do Sonho Imaginal
Aqui, atravesso pelo sono o fino tecido
que me separa das águas sempre ferozes
mas por fim de suaves e acolhedoras fontes.
Sob a balada insone acordo a visão da alma.
De olhos fechados ilumino o palácio obscuro.
Seu teto é um infinito labirinto movediço,
o livro aberto do código secreto e ilegível;
o logos, que de tão profundo resulta inalcançável.
Tua carne silenciosa é a minha Matéria Prima;
Tua seiva, farto ouro que brota do inexistente,
ouro oculto nas pirâmides imaginárias.
Como tua carne e saúdo os teus mistérios,
entro nos segredos sacros do oculto de Eleusis.
Plantas e planetas da iniciação
acendem esferas, círculos, centros.
Desço a escadaria profunda da alma,
encontro o palácio mudo do delírio.
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5. |
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Ouço o grito e o clamor do deus
no êxtase dos membros dispersados.
Sou a menade em transe vivo,
oreibasi, sangrenta cerimônia.
Regresso ao seio por escadas espirais,
à casa de Astérion, o fosso profundo.
Vejo a noite arcana figurar
no mítico Museu de imagens cultas.
Um olho cego escreve em língua morta
em páginas de angústica, gozo e sangue.
Regresso ao seio por escadas espirais,
à casa de Astérion, o fosso profundo.
Sombrias cavernas, palácios hexagonais;
matrizes arcáicas da minha alma obscura.
Noite ancestral...
No seio da ruína.
Cruza a noite o pássaro da lua
na terra de Shu.
Traz o manuscrito embalsamado
no reino das sombras.
Diz que a noite antiga é o princípio
de todos os seres.
Um palácio escuro sobre a terra
psyche tou kosmou.
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Orbis Daemonium Natal, Brazil
A Orbis Daemonium nutre-se da esfera daimônica, a esfera ambígua, mercurial e mágica por excelência. Esfera da qual não se pode escapar, pois é a própria dança jubilosa da realidade, força motriz indispensável, apesar de cego dinamismo, a qualquer ação. ... more
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